Ver ou não ver Pixies em 2013

Por 16.10.13 ,


Se me perguntarem que bandas mais me influenciaram durante a minha vida, garanto que os Pixies estão na linha da frente. Durante muitos anos fui um verdadeiro aficionado, os discos rodavam continuamente até à exaustão. Tenho um pequeno altar e tudo com um buda, que me faz lembrar o Black Francis quando já pesava 200 quilos; se tivesse um animal de estimação o seu nome seria Mr Grieves. Pequenos pormenores, portanto, de um verdadeiro fã. Relembro sempre com amargura não os ter visto no Coliseu de Lisboa em 1991, nesse que foi de certeza o concerto certo, na altura certa. Claro que não os perdi nas duas últimas vezes que vieram a Lisboa, depois do longo hiato de mais de 10 anos, quando as minhas esperanças de os voltar a ver já tendiam para zero. Foram bons os concertos, iriam ser sempre bons, depois de uma espera tão longa as emoções estavam à flor da pele e vê-los ali, no palco, era suficiente para mim. Entretanto passaram mais alguns anos, a Kim Deal resolveu ir à sua vida, um EP acabadinho de sair, pelo qual não morro de amores, e concerto marcado para Novembro aqui em Lisboa. Estranhamente, não sinto vontade ir. Não estou certo que não acabarei por ir, é fácil arranjar alguma razão para ir. A verdade é que depois de ver as Breeders este ano no Primavera Sound, tenho receio que este concerto se transforme em algo semelhante, uma amostra ténue daquilo que foram os Pixies nos seus melhores anos: performance fraca, vozes em esforço e muito pouca energia para dar um espectáculo que mais parece um passeio num parque. E a isso, eu não quero assistir. Prefiro viver com as boas recordações, dos discos de estúdio e concertos que já lá vão, do que estragar tudo com uma experiência que pode abalar a minha consideração por estes senhores. No final posso não ir e ser um concerto do caraças, vou ficar triste por não ter assistido, mas feliz por saber que os Pixies ainda são os Pixies, e o buda irá continuar cá em casa a embelezar o psiché.

3 comentários

  1. psiché esse que não existe, não vamos preocupar as pessoas em vão.

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  2. Ouve-se por aí que "não devemos voltar aos lugares onde fomos felizes", e acho que o mesmo se aplica á música, livros e filmes. É deixá-los estar sugadinhos no seu canto.

    (entretanto não sabia o que era um psiché, fui googlar e aprendi que é "um móvel com um grande espelho inclinável, para reflexão inteiriça")

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  3. Eu concordo plenamente. Acho que há coisas que já tiveram o seu tempo, não vale a pena querer recuperar amores passados.

    (E isto do psiché é Guilhas Alves que é muito erudito no que toca à decoração de interiores...)

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