Optimus Primavera Sound 2013: regresso ao passado

Por 13.6.13 ,


Foi precisamente há uma semana que começou o Optimus Primavera Sound. Foram três dias cheios de boa música e bons concertos, mas ao fazermos o balanço do festival temos de admitir que só faltou uma coisa: sentir que de facto estávamos num festival a acontecer em 2013.

Dia 30 de Maio
Começámos o dia com Wild Nothing, num concerto que vimos sentados na relva, sem grande euforia. Seguiram-se os Breeders, que vieram com um objectivo muito claro: tocar o Last Splash e irem à sua vida, que até estava fresco nesse dia e se calhar já estava a apetecer uma mantinha nos joelhos. Foi o primeiro regresso que achei que não fazia sentido. Não é preciso ser-se um génio para perceber que foi um daqueles regressos que tem escrito "dinheiro" por toda a parte. Zero entusiasmo. Foi tocar as músicas e andar. (Seguiram-se os Dead Can Dance, mais um regresso, mas este não vimos. Pedimos desculpa aos fãs, mas por estes lados não somos grandes apreciadores da banda). Entretanto, estava na hora de Nick Cave & The Bad Seeds e, apesar de não termos ficado assoberbados com o álbum deste ano, a verdade é que este sim, foi o primeiro grande concerto da noite. Nick Cave estava ao rubro e os Bad Seeds acompanharam-no em grande. Foi impossível não ficar contagiado com o rock que transpirava naquele palco. Grande concerto! Seguia-se o outro momento da noite para nós: os Deerhunter. Depois de termos ficado algo desiludidos com o concerto que tinham dado em Paredes de Coura em 2011, desta vez deram um concerto mesmo muito bom. Claro que para quem gosta mais da veia rock dos rapazes talvez não ficasse tão agradado, mas nós gostamos muito da pop que eles fazem e este último álbum tem feito as delícias cá de casa desde que saiu. Um concerto que nos encheu as medidas. O último concerto do primeiro dia ficou nas mãos de James Blake. Só vimos uma meia hora e ficamos com a impressão que as músicas soam melhor ao vivo que em disco. Temos de o voltar a ver, talvez noutro espaço (e a outra hora de preferência).

Dia 31 de Maio
Deitadinhos na relva - ou não fosse este o festival perfeito para o fazer - vimos o concerto de Neko Case mais ao longe, mas também não nos apeteceu aproximar. Segui-se Daniel Johnston, alguém que queríamos muito ver, não propriamente pela novidade, mas pelo génio em si, que consegue compôr músicas maravilhosas como ninguém. Fez-se acompanhar por uma banda e, apesar de as músicas ganharem outra vida, perdem no autor, que se sente encurralado por aqueles acordes e sons que o obrigam a manter um ritmo que não é necessariamente o seu. Gostamos muito, se bem que preferíamos, de longe, tê-lo visto só a ele com a sua guitarra (ou piano). Entretanto, escaparam-nos os Svuper, porque quando chegámos ao palco Pitchfork às 21h (hora de início do concerto) estava tudo fechado. Fomos espreitar Mão Morta - que continuam cheios de energia - e, quando nos apercebemos, já estava na hora de Melody's Echo Chamber. Este sim, foi um grande concerto. A madame Melody fez-se acompanhar por uma banda muito boa e as músicas do álbum ganharam uma nova vida e uma força que não estávamos nada à espera. Acho que foi a primeira grande surpresa do festival. Seguiram-se os Grizzly Bear, que já tínhamos visto ao vivo algumas vezes. Sempre competentes, deram um bom concerto, mas como também não somos os maiores fãs do seu mais recente álbum, não foi um concerto que nos tivesse marcado muito. Entretanto, nomes como Swans, Shellac, Metz ou Meat Puppets não nos agarraram aos respectivos concertos. Chegava a hora de Four Tet, que pareceu algo deslocado por ter dado concerto antes de Blur e, infelizmente, não recebeu a atenção que provavelmente merecia. E agora sim, era a enchente no OPS, à hora de Blur, o recinto estava mesmo cheio e ansioso que o concerto começasse. Sai mais um regresso directamente dos anos 90 que, ao contrário de Breeders, foi em grande. Trouxeram um coro, metais, para além de todos os membros da banda transbordarem uma energia e atitude incríveis. O público estava maluuuco e não era para menos. Afinal de contas, é impressionante a quantidade de músicas absolutamente inesquecíveis que estes rapazes compuseram. Houve ainda tempo para ir espreitar Glass Candy, que também estavam a dar um concerto bastante enérgico, mas as nossas pilhas estavam a chegar ao fim e ainda havia mais um dia pela frente.

Dia 1 de Junho
Infelizmente, não conseguimos chegar a tempo de ver Glockenwise. Mas não tenham pena de nós, que andámos a comer na belíssima esplanada da Casa D'Ouro e a dar um passeiozinho pela Afurada, esse mítico bastião do Futebol Clube do Porto (é preciso visitar a casa do inimigo). Entretanto, fomos espreitar PAUS, que já tivemos oportunidade de ver algumas vezes e, logo a seguir, fomos para mais um concerto-regresso: Dinosaur Jr. O som estava muito alto, tanto que começamos o concerto em frente ao palco e gradualmente fomo-nos afastando. A dupla J Macis e Lou Barlow deram um concerto muito bom, mas temos de admitir que no som deles não há nada que enganar: são os anos 90 aqui e agora (mais uma vez). Vimos um bocadinho de The Sea and The Cake, um bocadinho de Explosions in The Sky (que não são a nossa praia, mas a avaliar pela quantidade de gente que estava a vê-los, são a de muita gente) e White Fence. Foi aqui que mais uma vez fomos surpreendidos, porque para uma banda que nunca tinhamos ouvido falar, ficámos completamente presos ao concerto e queremos mesmo ouvir mais coisas destes rapazes. Viva o palco ATP, que tem sempre por ter algo de novo para nos mostrar! Decidimos ir ver Savages, apesar de já termos ouvido o álbum e não gostarmos especialmente do som delas, mas queríamos saber como eram ao vivo. São competentes, têm garra mas, mais uma vez, e apesar de não ser um regresso, é um som que soa completamente a anos 80 e 90. Não era bem isto. Fomos ver Liars e aqui sim, encontramos um concerto à nossa medida. Cheios de energia, uma combinação perfeita entre pop e electrónica, estes dois rapazes sabem bem o que fazem, em qualquer registo. Entretanto, estava quase na hora do grande dilema do festival: Dan Deacon ou My Bloody Valentine? Para mim, estava decidido. Dan Deacon e depois um bocadinho de My Bloody Valentine. Para o Guilherme, o coração falou mais alto e os MBV também (até porque o argumento dele é que Dan Deacon podia voltar a ver e MBV era mais complicado). Aqui, meus amigos, só vos posso relatar a minha parte e posso dizer-vos que o concerto de Dan Deacon foi brutal, mesmo para além das minhas expectativas, que já eram bem altas. A banda que o acompanhou era muito, muito boa, por isso, para além da electrónica que vinha directamente dos sintetizadores, ainda havia duas baterias a fazer-nos lembrar que este era um concerto à séria, não um DJ set. Enquanto a Crystal Cat tocava, houve tempo para pôr o público a fazer clarões de dança, comboiinhos... O que o Dan Deacon quer nos seus concertos é que as pessoas se expressem como quiserem ao som da sua música e ele é o maestro que comanda tudo isso. Passada aí uma meia hora de concerto, o Dan começou a dizer que que já iam tocar a última música e eu aproveitei para ir ver MBV. Tenho de admitir: foi a pior ideia de sempre. Saí directamente de 2013, eufórica, para me ir enfiar nas guitarras nostálgicas dos anos 90. Foi uma sensação muito estranha e foi aí que me apercebi que de facto este ano não houve grande espaço para conhecer novas bandas ou para ouvir coisas que estão a ser feitas agora. Gostei muito, mas espero que para o ano haja mais descobertas, mais surpresas.

Organização
Para além da música, este ano só há coisas boas a dizer sobre a organização do festival (e até o S. Pedro se portou muito bem com o tempo). As críticas do ano passado foram ouvidas - ao contrário daquilo que acontece em certos festivais - e este ano a zona da restauração estava muito melhor, com opções para vegetarianos e com a ideia genial, que devia ser adoptada mais vezes, de haver barraquinhas de restaurantes, tascas e outros sítios típicos do Porto. Deliciámo-nos, sobretudo, com a Padaria Ribeiro e lá conseguimos provar as afamadas sandes de pernil da Casa Guedes. É tudo para repetir nas próximas visitas à cidade. Também nos rendemos à cidra da Somersby, que foi uma excelente alternativa à Super Bock. Tenho ainda de acrescentar que na hora de ir à casa de banho, encontrar tudo limpinho e com papel higiénico durante os três dias foi sempre motivo de grande agrado.
Este ano notámos que havia bastante mais gente, mesmo assim nunca nos sentimos apertados nos concertos nem passámos demasiado tempo em filas. Correu tudo mesmo bem.
Somos felizes neste festival. Para o ano há mais.
P.S. - Estejam atentos a partir de segunda-feira, dia 17, porque vão estar à venda mil passes para a edição de 2014 por 70 euros (com desconto de cinco euros para quem tiver o passe deste ano). Mais info aqui.

2 comentários

  1. Com muita pena este ano não fui, gosto também de saber que a organização ouviu a sugestões e fez melhorias. O espaço é também fantástico e apelativo.

    De resto, estão desculpados (pelos Dead Can Dance :P). Percebo perfeitamente a escolha do Guilherme, os MBV serão mais difíceis de ver no futuro.

    Tenho ouvido falar mto bem do concerto de Nick Cave e Savages, acho que são os mais gabados.

    Quanto aos próximos bilhetes, quando dizem locais habituais suponho que a fnac tb conta? bjs

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  2. Nós temos comprado sempre pela Ticketline (depois paga-se mais um bocadinho, mas penso que não chega a 1euro). Na FNAC por acaso não sei se também dará.
    beijinhos

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