Optimus Primavera Sound: o balanço

Por 17.6.12 , ,


O balanço em poucas palavras: foi o melhor festival a que já fomos (ponto final).
Ok, Paredes de Coura vem logo logo a seguir, mas é mais pequenino. Para além do cartaz, que já se conhecia, chegar a um sítio onde há relva e árvores por todo o lado é bom demais para ser verdade. Para além disso, as pessoas, a atmosfera, o ambiente do festival são perfeitos. É um sítio onde dá mesmo gozo estar e dizer isto de um festival de verão é mesmo um grande elogio.
Quanto aos concertos, aqui ficam algumas impressões do que vimos nesta primeira edição do Primavera Sound no Porto (e pelo menos mais uma já sabemos que vai haver, yey!).

Dia 7 de Junho
Tal como previsto, este dia foi calminho. Calmo de mais até, porque ter só um palco a funcionar pode ser mau quando os concertos não estão a ser bem aquilo que esperavamos.
Começámos com Atlas Sound. Nós gostamos muito do rapaz, por isso gostámos de o ver ali ao pé de nós com a sua guitarra. Apesar de não ter sido um concerto arrebatador, foi bom. Yann Tiersen foi bem mais interessante do que esperavamos (talvez também por não esperarmos muito, vá). Bons músicos em palco, energia q.b., foi um bom concerto. Já sobre os Drums pode-se dizer que foi uma alegria ver o vocalista Jonathan Pierce a dançar enquanto cantarolava sem estar propriamente a dar muito de si. Os rapazes têm músicas boas, mas ao vivo são muito morninhos. Dá para bater o pé, mas não para muito mais. Com alguma surpresa nossa, foi quando vieram os Suede que acabamos por animar. Fomos puxados pela energia do Brett Anderson e estivemos a cantar o rol de êxitos da banda dos anos 90 que, apesar de tudo, está em boa forma. Foi um momento engraçado (mas anos 90 por anos 90, que nos trouxessem outra vez os Pulp que tanto nos alegraram em PdC em 2011). Já os Marcury Rev foram uma bela desilusão. Talvez em sala a coisa soasse melhor, mas a verdade é que só as músicas do Deserter's Songs escaparam (e mesmo essas...).  A subtileza que transparece no disco, nem vê-la. As músicas soavam todas a anos 90 com guitarras feias e sintetizadores estranhos.
Finalmente, chegou a única banda que queríamos mesmo muito ver neste primeiro dia: os Rapture. Apesar de o concerto ter sido só uma hora (parecia que eles também tinham uma consulta às 3 horas), foi uma hora do caraças. Quem já viu outros concertos deles diz que este não foi nada de especial. Não faz mal, havemos de vê-los outra vez um dia destes.

Dia 8 de Junho
Dia perfeito. Começámos com Yo La Tengo. Aqui o meu companheiro de relva já os tinha visto meia dúzia de vezes, mas eu não e tinha muita curiosidade. A verdade é que eles são os Yo La Tengo (respect!) e aquelas músicas (ainda) continuam a soar muito à frente do nosso tempo, mas as vozes dos senhores já deram o que tinham a dar (há muito). Ver um concerto deles é só mesmo pela emoção. Por isso, aí a meio rumámos a outro palco para ver War on Drugs. E fizémos muito bem. Realmente ao vivo são uma banda que vale mesmo a pena ver e foi uma daqueles concertos que acabou com toda a gente a querer mais. Depois disto, chegou a hora triunfal em que nos pudemos sentar todos felizes na relva a ver Rufus Wainwright. O homem é um verdadeiro entertainer, meteu-se com a plateia, fartou-se de falar de tudo e mais alguma coisa (política, engates), estava cheio de energia e até acabou o concerto com a bonita versão do Hallelujah, que ouvido ao final da tarde veio mesmo a calhar. Foi bonito. Por falar em bonito, seguiu-se o concerto dos Flaming Lips. Nós já os tínhamos visto no Sudoeste, mas a verdade é que tinha sido um concerto que nos tinha deixado com um sabor amargo, porque a plateia estava-se simplesmente a marimbar para o que se estava a passar em palco, o que acabou por nos influenciar negativamente (a nós e à banda). Resultado: quisemos ver um bocadinho do concerto enquanto não começava o de Black Lips, mas a verdade é que apesar de as músicas, a animação, os adereços, etc., terem sido exactamente iguais, no Primavera Sound o concerto foi completamente diferente. Mesmo. Por isso não conseguimos saír e acabámos por ficar até ao fim para a ver a Do you realize? (como resistir à música mais feel good de sempre?). Hão-de haver mais oportunidades para ver os Black Lips.
Com Wilco também ficamos agarrados do início ao fim. Ainda éramos para ter ido espreitar Shellac, mas não deu. Eles são excelentes músicos e para quem nunca os tinha visto ao vivo e gosta tanto deles como nós foi um concerto muito muito bom. Daqui saímos todos contentes para voltar a ver os Beach House e quando chegamos ao palco Club parecia que estavam a dar alguma coisa. Os Beach House neste momento já estão noutro patamar, já são uma banda a precisar de um palco bem maior para chegar a tantos admiradores. Mesmo as músicas do álbum novo eram conhecidas por uma boa parte do público e o concerto não defraudou expectivas. Estão tão grandes os Beach House. É bom, eles merecem.
Já a terminar, ainda ficámos a ver M83, que estava a ser bom (mas muito certinho) e tivemos mais curiosidade para ir espreitar os The Oh Sees. Mais uma decisão acertada. Esta banda ao vivo é completamente arrasadora. É daquelas que pegam nas guitarras e só param quando o pessoal já está todo engalfinhado a fazer moche. Sabe bem ver assim uma coisa mais rija (pra homens!).

Dia 9 de Junho
Este dia, infelizmente, resume-se a um nome: Spiritualized. É verdade, com tanta coisa boa para ver neste dia e nós só vimos um concerto. Vimos e muito bem, porque apesar de ser um homem de poucas palavras, Jason Pierce e companhia deram um concerto muito bom. O problema é que neste dia a chuva chegou em força e nós com as nossas pseudo capas da chuva (que eram mais corta-ventos do que outra coisa) ficámos encharcados até aos ossos e tivemos de desistir. E como molhámos os casacos e calçado mais resistente (sim, nós achamos mesmo que ia estar bom tempo) não pudemos voltar ao recinto nesse dia. E acabou o Primavera Sound 2012 para nós.

Esperem lá, acabou? Então e o dia 10? E porque é que no dia 9 não levaram um guarda-chuva, seus totós? Pois é, tudo questões muito pertinentes. Mas a verdade é que o festival também teve falhas, nomeadamente na comunicação e nalgumas regras um bocado estranhas (ou pelo menos não muito usuais nos festivais). O primeiro problema foi não deixarem entrar ninguém no recinto com comida ou garrafas de água. Seguindo esta linha de pensamento, nós achamos que estaria fora de questão levar um guarda-chuva, mas pelos vistos não. (Podiam ter avisado, senhores.) Para além desta falha, houve outra bem pior. Os concertos de domingo tinham lugar na Casa da Música e no Hardclub e o público só foi avisado no dia 9 à tarde (apenas via facebook e umas folhas A3 à entrada do recinto) que os bilhetes para esses concertos tinham de ser levantados nesse dia no próprio recinto. Não é difícil imaginar a confusão que se instalou, com uma fila gigante para se ir levantar bilhetes. E com a chuva que estava foi fácil desistir de ficar umas horas sem ter a certeza se conseguiriamos sequer arranjar bilhetes antes de a esgotação ficar lotada. No dia seguinte, já em Lisboa, foi triste perceber por alguns comentários que afinal ainda havia bilhetes e que podíamos ter visto os Olivia Tremor Control e o Jeff Mangum. Caramba, doeu. Mas tanta falta de informação (e organização, no caso de domingo) deu nisto. Esperemos que para o ano não se repita esta ideia.
Quanto a nós, não voltámos a nenhum festival sem uma capa da chuva a sério e galochas. Está prometido. E que venha a edição de 2013!

2 comentários

  1. Atlas Sound num espaço mais fechado seria certamente melhor. Suede em forma e os Rapture soube a pouco, mas verdade seja dita não acho que as bandas que fecharam nos outros dias tocaram mais tempo. e eles tiveram muito bem.

    grande dia o 2º. De Rufus a Beach House com os Flaming Lips em completo delírio com o público. Foram muitos bons concertos.

    Pena no 3º dia só terem visto Spiritualized, até porque a chuva a partir das 21 nunca mais voltou :(

    Quanto ao domingo não vi nada precisamente por toda a informação que colocas. Não segui o facebook logo não soube de nada, quando descobri eram filas e filas intermináveis. bha não gostei :P

    abraço

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  2. pois, foi pena que o último dia tenha sido assim. mas acredito que para o ano eles tenham o bom senso de mudar algumas coisas.

    vamos lá ver :)

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