Melhores discos de 2013

Por 31.12.13 ,


Foi um ano de muita música aqui no deitados. Rendemo-nos (finalmente) aos serviços de streaming e isso teve um efeito novo nas nossas audições: em vez de nos conseguirmos focar em alguns discos, passámos a ouvir tudo o que conseguimos. Esta atitude imatura de quem larga uma criança numa loja de doces, acabou por ter um sabor amargo. Chegamos ao final do ano com a impressão que alguns discos precisavam de mais atenção e que não nos conseguimos apegar tanto às músicas como costumava acontecer. Sentimos falta disso, de deixar os álbuns respirar e ouvi-los várias vezes até termos a certeza se realmente gostamos deles ou não. Uma das resoluções para 2014 será, sem dúvida, repensar a nossa alarvice. Outra das coisas que sentimos este ano foi que houve muitos álbuns que provavelmente deviam ter sido EP. Há três ou quatro músicas muito boas, mas depois o resto dos álbuns são, muitas vezes, penosos de ouvir. Por essa razão as nossas escolhas acabam por dar preferência aos discos que nos pareceram mais coesos em termos de conceito e, claro, de qualidade. Explicado isto, há que admitir que não foi fácil chegar a uma lista de melhores do ano mas, se pensarmos bem, houve álbuns que sobressaíram no meio de tanta coisa. Aqui estão eles: 

1. Arcade Fire, Reflektor 
Depois de muita expectativa, os Arcade Fire voltaram em grande. É tão bom ver que ainda há bandas que se recusam a repetir a fórmula e não têm medo de fazer música distinta da que já fizeram até aqui. Este Reflektor entusiasmou-nos bastante precisamente pela abordagem bem diferente daquilo que já associávamos como sendo tipicamente Arcade Fire, onde todas as músicas surpreendem e funcionam na perfeição, separadas e como um todo. Só foi pena o álbum não ter saído na Primavera, mas tenho a certeza que ainda vai ser muito ouvido em 2014. [C] 

2. Vampire Weekend, Modern Vampires of the City 
Mais um excelente disco dos Vampire Weekend. É ouvi-lo do início ao fim e ficarmos surpreendidos como é que eles conseguem fazer sempre músicas tão boas, melhores a cada disco que passa. Ao contrário de outras bandas, a música dos Vampire Weekend é acessível, mas isso não pode ser mau. Quando as coisas soam bem, é normal que agradem a gregos e troianos. Agora ficamos à espera de um grande concerto em breve. [G]

3. Kurt Vile, Wakin On A Pretty Daze 
Este é um daqueles álbuns que podia ter saído este ano ou há 5 anos atrás. Não é o mais inovador ou inventivo, mas a verdade é que cada vez parece mais difícil encontrar um álbum que tenha boas canções do início ao fim, que seja consistente e nisso o Kurt Vile é mestre. Adoramos este disco e não nos cansámos de o ouvir. [G]

4. Daft Punk, Random Access Memories 
Tivemos aqui grandes discussões (amigáveis) sobre este álbum. Por mim, ficava com um lugarzinho ainda mais acima na lista dos melhores do ano. Admito que possa ter sido um bocado influenciada pelo marketing à volta do regresso dos Daft Punk, mas a verdade é que acho que o álbum é mesmo bom, do princípio ao fim. Tem músicas que adoro e, muito importante, que soam a 2013. Sim, porque daqui a 20 anos, quando eu pensar que músicas ouvia eu em 2013, vou ter de pensar nos Daft Punk de certeza. E no Giorgio Moroder, o homem que nos dá lições de como não ser um velho do restelo e dizer “no meu tempo é que era” (se bem que também é marketing, mas isso são outros quinhentos). [C]

5. DJ Koze, Amygdala
 
Cá está uma lufada de ar fresco, do início ao fim. Este é um daqueles álbuns que se ouve uma, duas vezes e depois não se consegue parar. Começamos a ficar com uma e outra música na memória e daí à audição em repeat é um instante. Altamente recomendado. [C]

6. Deerhunter, Monomania 
É uma das bandas fetiche aqui do deitados. Gostamos de tudo o Bradford Cox faz, seja pela sua própria mão, como Atlas Sound, ou com os Deerhunter. Não é o melhor disco deles, mas continua a ser um excelente disco a marcar 2013. Tivemos ainda a felicidade de os ver no Primavera Sound a apresentá-lo de uma forma magnífica. Estava-se mesmo a ver que teria um lugarzinho especial na nossa lista do ano. [G]

7. Jon Hopkins, Immunity 
Este não é um disco fácil como o de Vampire Weekend, longe disso. Temos aqui muita electrónica a criar um ambiente só nosso. Immunity tem a particularidade de se entranhar e criar toda uma relação de dependência que nos perseguiu durante a segunda metade do ano. Ficam avisados. [G]

8. Cass McCombs, Big Wheel and Others 
Mais um álbum ali ao nível do Wakin On A Pretty Daze (mas com menos músicas tão boas). É intemporal, apetece ouvir em qualquer altura, mas sabe ainda melhor ouvir quando já estamos cansados das modernices que não nos enchem as medidas (olá Blood Orange, olá Poliça, só para dizer alguns). [C]

9. Devendra Banhart, Mala 
É o Devendra Banhart com a sensibilidade que sempre lhe conhecemos, mas especialmente inspirado. Mais um músico que tem conseguido evoluir e tem aprendido com os músicos que o rodeiam. As influências transparecem nas músicas e ainda bem. Talvez o belíssimo concerto no CCB, com a companhia do Rodrigo Amarante, tenha ajudado este álbum brilhar um bocadinho mais. [C]

10. Mutual Benefit, Love's Crushing Diamond 
Existem discos que, apesar de não apresentarem propriamente novas ideias, são pequenas pérolas que nos enfeitiçam. Os Mutual Benefit conseguiram isso. Tivemos que ouvir cinco vezes seguidas este álbum para perceber o que se passava, porquê tamanha empatia desde a primeira audição. A resposta é simples: melodias bem construídas e de uma beleza sublime. [G]

11. Moderat, II 
Tínhamos combinado que a lista teria apenas os 10 melhores do ano, mas a verdade é que ouvi tantas vezes este álbum em repeat que seria injusto não o incluir. Não tem músicas orelhudas nem grandes hits, mas para quem tem saudades de ouvir um álbum de electrónica minimal, que soa mesmo bem como um todo, aqui está ele. [C] 

12. Toro Y Moi, Anything in Return 
A última excepção da nossa lista de 10 álbuns do ano. Este rapaz faz músicas que nos fazem sonhar. É como se os Animal Collective e os Beach House se tivessem juntado e feito um álbum (com a fasquia mais baixa, mas ainda assim, muito bom). Recomendado. [C] 

Menções honrosas 
Houve ainda álbuns que têm músicas muito, muito boas, mas que depois também têm músicas muito fraquinhas. Levam uma menção honrosa:

Thee Oh Sees, Floating Coffin 
Disclosure, Settle 
Conan Mocassin, Caramel
Parquet Courts, Light Up Gold 
STRFKR, Miracle Mile 
Jagwar Ma, Howlin

2 comentários

  1. Sou apologista dessa reflexão inicial. Cada vez mais temos acesso a tudo e se isso por um lado é óptimo, por outro leva-nos por vezes a um consumismo rápido e desenfreado. Há álbuns que são para saborear.

    Em relação à lista falta aí um toque rock (arrisco-me pois não conheço mts dos nomes aí) como o dos queens of the stone age ou dos artick monkeys dois belos regressos tb.

    Agora ando a ouvir o "Mala".

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  2. é verdade, este ano não andamos muito roqueiros. ainda ouvi o dos QOTSA, mas admito que não lhe dei grande atenção. vai ser este ano, para contrabalançar as faltas de 2013 :)

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