A minha Índia

Por 14.1.13 , , ,


A minha Índia é, sem dúvida, cheia de sorrisos.

Ir à Índia não era algo com que sempre tinha sonhado. Foi uma ideia que foi crescendo, desde a primeira vez que recebemos o email do MEF a falar sobre o "Workshop de fotografia documental e de reportagem social a decorrer na Índia" até à altura de embarcar na aventura.
A primeira ideia que me deixou entusiasmada com esta viagem foi o facto de finalmente visitar um país que me tirasse da minha zona de conforto. Até aqui só tinha visitado alguns países europeus, e em 2011 fomos aos EUA, a Nova Iorque, mas não houve qualquer choque cultural. Tinha a certeza que a Índia me ía surpreender e não me enganei. Só não sabia que vinha de lá com vontade de voltar obrigatoriamente.
A viagem foi feita na companhia de um grupo de fotógrafos (e que grupo!). A ideia era fazer um roteiro menos turístico que o habitual, para termos oportunidade de fazer fotografia documental em aldeias menos conhecidas.
Para além do arrebatamento pessoal, aprendi imenso - obrigada, MEF! - não só em termos de técnica fotográfica, mas também em apurar conceitos sobre aquilo que quero e gosto de fazer em fotografia.
Nos primeiros dias praticamente não tirei fotografias. Não consegui, estava demasiado extasiada com tudo o que via à minha volta. Para além disso, ainda me estou a iniciar nas lides fotográficas, e se a maior parte dos meus colegas era já mais experiente e sabia que tipo de fotografias queria fazer, eu andava ainda à procura de conseguir chegar a algo que me agradasse.
Voltei com uma série de lições aprendidas, sendo a primeira e a mais importante de todas: fotografar mais. Os erros técnicos ou de composição que cometi revelam isso mesmo, falta de experiência, portanto, o meu desejo para 2013 é fotografar mais. Outra grande lição, que também acaba por estar ligada à falta de experiência, claro, foi o ter levado a lente errada (um zoom 18-105mm/ f:3.5-5), que era demasiado pesada para mim e pouco luminosa, o que me dificultou muito a vida em várias situações. E o melhor de tudo foi que praticamente nem fiz uso do zoom. Lição aprendida.
O facto de termos dois fotógrafos/formadores sempre disponíveis para tirar dúvidas, analisar as nossas fotografias, partilhar opiniões, dar conselhos foi o segredo desta aprendizagem toda. Vale bem a pena conhecer e fazer coisas com a malta do MEF, olhem bem o que vos digo.
Hoje publico na página de facebook do deitados na relva um álbum com algumas das fotografias que mais gosto, tiradas ao longo dos 16 dias (afinal o facebook comprime as fotos, vejam antes a galeria do Flickr, que tem muito mais qualidade, aqui).

Foram 16 dias de sorrisos, abraços, partilha. Também não faltou o espanto, da minha parte e da parte das pessoas com quem me cruzei, que ficavam incrédulas com a minha cor de pele, os meus olhos, o meu cabelo, tudo demasiado claro para passar despercebido no meio de tantos olhares atentos. Para além de todas as diferenças culturais que me deixaram completamente absorvida, não estava à espera de tanta amabilidade, tanta simpatia por parte de toda a gente. Emocionei-me, comovi-me todos os dias.
Tinha lido algures antes de partir nesta viagem que só podia ir à Índia quem gostasse de pessoas, e depois de ter lá estado, concordo plenamente. Temos de estar preparados para lidar com pessoas que nos vão abordar simplesmente para nos tocarem, para nos oferecerem alguma coisa para beber, para comer, para tirar uma fotografia connosco e, muitas vezes, os nossos preconceitos vão interferir, vamos achar difícil de acreditar que um desconhecido nos veja a passar na rua e nos convide para entrar em sua casa, para conhecer a sua família, nos ofereça o que tem de melhor, sem pedir nada em troca. Se sorrirem podem ter a certeza que recebem sempre um sorriso de volta.
Claro que esta experiência é fruto de visitas a locais que não são turísticos, onde as pessoas praticamente não terão contacto com turistas ou pessoas de outras culturas (obrigada Gonçalo, pela escolha do roteiro.) Mas 16 dias soube a pouco.
A Índia é muito grande e eu quero lá voltar, com certeza.

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