Ouvir mais música portuguesa: fecho de 2012

Por 31.12.12 ,


Estamos mesmo no final do ano e por isso altura de fechar assuntos e tecer algumas conclusões no que toca à minha resolução de 2012 de me esforçar por ouvir mais música portuguesa. Para terminar já com o suspense, aviso que foi uma aposta ganha. Ouvi muito boa música e tenho grandes expectativas para 2013. Há vários músicos e bandas que considero fazerem já parte de uma geração que me faz ficar orgulhoso de ser português. Não me refiro aos já consagrados como os Deolinda, Dead Combo, David Fonseca, Legendary Tigerman, Ornatos Violeta (que deixam uma marca inesquecível neste ano da reunião) etc., mas sobretudo a bandas que, na minha opinião, fizeram muito em 2012 e merecem o nosso destaque aqui no deitados na relva.

B Fachada: Este rapaz é uma máquina! Devia constar na minha lista dos já consagrados, mas julgo que merece uma referência especial. A música simplesmente continua a sair-lhe bem, é um dom que infelizmente não chega a todos. Para além disso, a preocupação com as letras torna as suas músicas dignas de constar em cartilhas dos mais petizes, tal é a sua familiaridade. Agora em 2013 vai descansar - bem merece - e para a despedida deixa um EP, O Fim, para nos entreter até ao seu regresso. Esperarei ansiosamente para ver o que nos trará após este ano sabático.

Walter Benjamin: Um belíssimo álbum em 2012. Não que tenha sido uma grande surpresa, eu esperava muito do Luís, ele sabe o que faz, tem amigos também talentosos e leva isto de criar música de uma forma bastante séria. Foi para longe para estudar produção musical como deve ser, e ainda bem. Felizmente, está a dar frutos. Criou uma editora, a Roman Road Records e parece não deixar esmorecer a criação de novas canções. Boas expectativas para o que virá em 2013.

Minta & The Brook Trout: Mais um dos melhores álbuns que ouvi este ano. Olympia já saiu na segunda metade do ano, mas se não o ouviram, vão ao site da Optimus e descarreguem já! Eu gosto bastante da voz da Minta (Francisca Cortesão) e da guitarra do Manuel Dordio. Fazem-me lembrar dias de Outono e chás quentes. Um concerto bem bonito pela altura do lançamento do disco, num sítio a condizer, e uma mão cheia de canções que se colam facilmente aos nossos dias. Mais uma excelente banda para seguir em 2013.

Cafetra: Não é uma banda, é um colectivo de bandas. Esta ideia de turma organizada para criar canções, ao jeito de retiros criativos, acabou por ser bastante bem sucedia durante 2012. Muito trabalharam para criar e partilhar músicas. Apesar de demonstrarem ainda alguma imaturidade no que toca à composição e interpretação, foram bastante bem sucedidos em alguns dos seus projectos, nomeadamente Go Suck a Fuck (para mim o melhor EP deste ano) e Pega Monstro. Estas últimas, as irmãs Reis, para além de um disco bastante interessante, assinaram um concerto incrível na primeira parte do Jon Spencer (para grande pena não as vi no de Ariel Pink, mas acredito que não deve ter sido nada mau).

Para além destes, há outros nomes que apesar de não terem sido tão activos no que toca a novidades em 2012, não quero deixar de seguir em 2013.

Paus: curioso para ver o que se segue. Ao vivo continuaram durante 2012 a ser uma máquina infernal de poder e som. Em Guimarães, há uma semana, tive que assistir ao concerto à porta do pavilhão porque me tinha esquecido dos tampões para os ouvidos. Tenho muita vontade de perceber para onde irá fluir o seu som no futuro e ver até que ponto continuarão a explorar o alinhamento actual.

Capitão Fausto: ai a pressão do 2º disco! 2012 foi o ano da consagração destes rapazes que por aqui são uma aposta segura. Quando os vimos pela primeira vez em 2011 soubemos desde logo que tínhamos aqui um diamante em bruto. Este ano tocaram muito e julgo já terem terminado canções para um novo disco. Agora em 2013 vem a responsabilidade do 2º disco. Muitas expectativas neste miúdos fantásticos.

Julie & Carjackers: Assinaram no Ritz um dos melhores concertos que vimos este ano. As canções do álbum de 2011, Parasol, continuam a rodar e recomendam-se. O João Correia já é para mim uma promessa da música portuguesa, quer seja a tocar bateria ou a cantar à guitarra. Espero ansioso o regresso em 2013 de novas canções e, com certeza, de um novo álbum.

Outro factor muito positivo, para além de ter ouvido muitos discos, foi o de ter assistido também a muitos concertos, o que acabou por ser determinante para avaliar melhor as bandas que me tinham despertado o interesse. Nesse aspecto, garanto, temos bandas a dar espectáculos que mereciam muito mais público. Desejo que 2013 continue a ser um grande ano de música portuguesa e que, para além disso, seja um ano de mais público a ouvir (e de preferência a comprar) o que é nosso.

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