Uma Separação

Por 26.3.12

Uma Separação de Asghar Farhadi

Cá pela nossa relvinha temos andado a ver filmes um bocado ao sabor do vento. Não quer dizer que ir ao cinema implique fazer grandes planos, mas ultimamente o cansaço ou outros afazeres têm-nos levado a optar pelo sofá em vez da sala de cinema. O facto de haver um videoclube disponível na televisão com bons filmes também ajuda a decisão de ficar em casa e este fim-de-semana vimos finalmente Uma Separação. Na altura quando saiu o trailer, fiquei com muita curiosidade, as críticas começaram a saír e, apesar de nunca as ler antes de ver os filmes, reparei que estava a ser muito bem classificado. A curiosidade aumentou e as expectativas também e agora percebo perfeitamente todas as reacções positivas. Tinha ideia que seria um filme que, por se passar no Irão, levantaria questões culturais e religiosas islâmicas, mas não. Tirando um ou outro aspecto que sabemos que na nossa sociedade não aconteceria (sobretudo os que estão relacionados com a religião), a história é universal, podia ter lugar em qualquer parte do mundo. Não é um filme moralista, que nos diz o que pensar. Limita-se a mostrar-nos os factos e cada um é que decide o que achar e o que sentir. Já há muito que não me sentia tão envolvida por uma história - apesar que o Shame também mexeu comigo. O filme é, sobretudo, sobre o amor incondicional de um pai por uma filha e sobre aquilo que queremos ser aos olhos dos nossos filhos. Não basta parecer, há que ser. O argumento e os actores são impressionantes, merecem tudo de bom que se possa dizer sobre eles. É ficção, mas podia bem ser documentário. Tão real, tão visceral.

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